O CAVALO DE BASILIO HORTA
Custou milhões a Portugal mas o populismo barato tem sempre espaço e emerge nas formas mais divertidas.
Seja como seja, Basílio Horta, o Presidente da Câmara de Sintra, ficará na Historia não como o reles político que insultou baixamente Mário Soares num combate presidencial, nem como o Ministro do CDS que renegou as suas origens mas como o autarca que em nome da “igualdade” negou a Madonna o seu exercício cavalar.
Quando li que tinha sido impedido a Madonna…“por motivos de segurança”…filmar uma cena do clip do seu novo tema “INDIAN SUMMER” onde…“o cavalo deitado no chão ia interagir com a protagonista”, pensei que Basílio Horta tinha tentado impedir o pior.
Sim, porque quem conheça o percurso de Madonna desde que namorou com Jean Michel Basquiat poderia sempre pensar que Basílio estaria a trabalhar em defesa dos bons costumes, contra a violência doméstica (matéria que conhece bem) e a igualdade de género.
Mas não, segundo diz a VANITY FAIR francesa Basílio
Horta provocou um “incidente diplomático”, (entre que países não se sabe), pois impediu que um cavalo puro-sangue lusitano tenha entrado numa sala de um palacete do século XIX, a Quinta Nova da Assunção em Belas, Sintra.
Confesso, puro ignorante, que nunca tinha ouvido falar de tal Palacete mas consultado o YouTube logo apareceu o detalhe desta peça histórica.
Trata-se de um belíssimo Palacete edificado por volta de 1860 por João Maria da Silva Rego – riquíssimo comerciante que fez fortuna no Brasil e deu origem ao Visconde de Idanha.
Segundo o site da CMS “no interior do edifício destaca-se o salão chinês e o revestimento em trompe l’oeil das restantes divisões e corredores. …as pinturas a fresco ganham especial significado, pois os seus motivos pompeianos, de imitação de tecidos e brocados, ou de cenas da natureza, encontram-se em boa parte das salas e quartos. Percebemos aqui um gosto eclético e romântico, bem presente no denominado salão chinês.
Nos magníficos e vastos jardins, povoados por pequenos pavilhões, tanques e lagos surge-nos espantoso conjunto azulejar de intensa policromia, perpassando o gosto fantástico já notado na mansão.”
Os soalhos de madeira – porque também os há em pedra – sendo sensíveis não parecem extraordinários – pelo menos nenhuma referência existe nas recensões quanto à sua excecionalidade.
Isto é muito relevante como veremos.
Há muitas zonas do Palacete e do Parque, nomeadamente os pisos inferiores e no exterior, a necessitar de urgente restauro. Isto mesmo é confirmado por inúmeros comentários de utilizadores nas redes sociais, que visitaram a propriedade.
Que jeito daria um bom mecenas.
Só que às vezes aparece um à frente do nariz e uma cavalgadura não consegue cheirar.
Na sua avaliação política, Basílio, poderia ter pendido para os benefícios da operação – não lhe faltariam argumentos com veremos – mas não, puxou o pé para o chinelo e declarou-se a favor da “igualdade”.
A favor da operação, Basílio, poderia, por exemplo, reclamar o seu impacto económico. Publicitar a nível mundial o cavalo puro-sangue lusitano num clip que será visto por milhões e terá milhares de textos nos media a explica-lo seria um verdadeiro maná para as coudelarias nacionais. O valor económico seriam muitos milhões de euros.
O mesmo se diria da publicitação de Sintra e da Quinta Nova de Assunção.
Mas Basílio poderia igualmente assumir as rédeas da demagogia política: se os russos transformaram as igrejas em cavalariças porque não poderia um singelo cavalo entrar num palacete? E como fazer censura a uma performance de uma artista de nível mundial? E por aí adiante.
Mas Basílio preocupou-se com o soalho e com a “igualdade”.
Sobre a “igualdade” pouco tenho a dizer a não ser recomendar a Basílio que distribua pelos muitos necessitados que tem em Sintra alguns dos muitos milhões de euro que tem em depósito bancário.
Já em relação à proteção do soalho do palacete – para além das óbvias proteções dos cascos do cavalo, não seria possível fazer um seguro, uma garantia, segundo a qual todos os danos seriam restaurados?
Não seria mesmo possível que por conta dos riscos corridos se pedisse uma contribuição extraordinária para o restauro da Quinta?
A péssima gestão política deste dossier por Basílio Horta criou uma situação “lose-lose”, quando podia ter sido “win-win”.
Irritou Madonna – que acusou os portugueses de ingratos, permitindo a especulação (errónea) de que sairia de Portugal por causa deste “incidente diplomático” (VANITY FAIR dixit).
Perdeu milhões de euros no valor económico da publicitação do cavalo lusitano, Sintra e Quinta Nova da Assunção no Mundo.
Perdeu um eventual contributo para o tão necessário restauro da Quinta, nomeadamente nos jardins.
É certo que, para seu crédito, Basílio não correu o putativo risco de danificar o soalho do palacete.
E, à sua maneira, assegurou a “igualdade”.
Para mim, como se depreende do texto, estamos em presença de uma patética administração do património público.
Concordo plenamente até porque a minha análise é precisamente esta e um soalho com 150 anos é um soalho apenas velho e não antigo e claro que os benificios seriam bem maiores que os prejuízos que de certeza seriam nulos. O melhor é limitar as visitas a 5 pessoas de cada vez depois de devidamente confirmado o peso e a qualidade dos sapatos não vá o soalho ceder…Tenho pena da visão redutora de muita gente e que não veja o que se perdeu para além de termos perdido a Madona e os milhares de euros que ela gastaria e claro o Cavalo Lusitano ….
Boa tarde, ou outra parte do dia,
Concordo com o teor deste artigo mas melhor seria se com menos acrimonia. Reparo também que o seu autor se vergou ao AO. Uma opção que me desgosta pois tudo tem um significado subjacente.
Quanto a Basílio Horta, estranho a sua posição, pois é um homem que gosta da velha-guarda portuguesa, de touradas e certamente de cavalos, ainda melhor, se de lusitanos se tratar. Na verdade, a atitude do Presidente da Camara de Sintra não condiz com imagem que criou de si próprio. O seu azedume contra Madona está, quanto a mim, para além do sobrado de madeira. É mais um bater com a porta na cara, ou cabra, da Madona.
É como diz o autor do texto, o nosso não-primo Basílio bem poderia ter sacado vantagens financeiras em benefício da tal construção, delapidada pelo tempo, e sair-se airosamente da situação, do tipo, “É pegar ou largar”, e o preço é X.
Resta dizer que Basílio Horta nada deve à diplomacia como muito bem foi apontado pelo autor do texto, J F.
Também devo dizer que achei o Blog, no seu conjunto, com interesse.
Linda